A Arte, como a Poesia, é um prolongamento do Sonho; um sonho que se tem, acordado, naquele estranho estado de passividade activa, propício à manifestação do Espírito.
No caso da minha querida Teresa, esta actividade passiva atinge o frenesim. A cada novo trabalho que lhe sai das mãos, segue-se um estado de prostração, como se a vida se exaurisse neste processo mediúnico. Criar, é para ela, um acto de amor, uma entrega total.

No seu atelier luminoso, alado, a pairar sobre a cidade de Lisboa, Teresa sonha; nesse turbilhão que emerge das suas profundezas, sob a forma de símbolos,vêm as recordações da sua esplendorosa infância, ciosamente guardadas dentro de si, como um tesouro.

São as primeiras letras e representações do mundo envolvente: o mar imenso, azul, os montes e vales da sua ilha, a ilha da Madeira que entretanto, por acção do Espírito se transformou noutra ilha, numa ilha ideal, habitada por seres luminosos e até por letras… Nos dias de hoje em que a confusão é geral e a selva de equívocos instalados é asfixiante, é surpreendente ver estas obras límpidas e a sua gestação.

…E eu, sou testemunha disso!

 

Lisboa , 5 de Agosto de 2007

Texto do Catálogo da exposição Escrita  Clube de Jornalistas, Lisboa